segunda-feira, 26 de março de 2007

Idade ingrata...

Ele tinha doze anos e nunca se tinha deparado com as duvidas que tinha naquele momento.
A verdade é que se tinha habituado de tal modo ao ambiente em que estivera nos ultimos anos, que as mudanças com que era confrontado agora não o agradavam de forma alguma.
Criança que era, ainda não era capaz de distinguir as falsidades e hipocrisias com que se deparava, e não possuia também a maturidade para saber lidar com isso.
Estava confuso e entristecido... entristecido por não saber quem podia chamar de amigo, e quem devia ignorar a todo o custo, em quem podia confiar, e quem devia ver pelas costas.
Nunca quisera estar naquele lugar, não sem os seus amigos, sem aqueles que se haviam tornado os seus melhores amigos, pois aqueles com quem lidava agora não lhe davam a confiança que necessitava para se sentir à vontade com a sua situação.
Mas nunca transmitiu isso, embora não fizesse diferença.
Simplesmente sentia que não pertencia aquele sítio e isso deixava-o melancólico, sisudo e sério, tudo aquilo que nunca fora até então.
Com o passar do tempo, adaptou-se e aprendeu a lidar com o meio onde se encontrava, se bem que muitas vezes sem sucesso, sentindo-se marginalizado ou ridícularizado, sem se apreceber que isso acontecia porque não era capaz de simplesmente estar-se nas tintas.
Era como se a pessoa que antes fora tivesse desaparecido, e, apesar de sentir que não pertencia ali, nunca compreendeu porque teve ele de mudar naquele periodo da sua vida, afinal de contas, a pessoa que ele antes era não devia desaparecer, não naquela situação, mas foi o que aconteceu.
Ele não podia dizer que a situação onde se encontrava fosse má, mas simplesmente não teve a capacidade para lidar com ela, e não se apercebia disso mesmo, o que o impelia a ser alguem que nunca tinha sido até então.
Iria passar muito tempo até que fosse capaz de recuperar a pessoa que fora por doze anos, mas a adolescência tem destas coisas...

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