sábado, 21 de junho de 2008

Enfatuação...

Dizem que aquela primeira “paixoneta” é a mais engraçada de todas...

Depois de tudo o que tenho visto na minha larga existência, permitam-me que discorde.

Tudo bem que ele já gostara de outras pessoas, afinal de contas, era um adolescente, e isso fazia parte da fase na qual se enquadrava naquele momento...

Mas desta vez, apresentava-se de uma maneira completamente distinta, e a sua pouca, entenda-se nenhuma, experiência com o sexo oposto, nunca se lhe havia mostrado tão fastidiosa como então.

Até percebo que para vocês tudo isto se apresente como algo perfeitamente normal, mas é necessário ter noção que o meu querido companheiro, se assim lho posso chamar, não era propriamente um adolescente vulgar.

O problema, esse sim, residia no facto de nem mesmo ele saber isso, o que, caso tivesse ocorrido, ter-lhe-ia dado uma existência mais agradável naqueles anos que passou entre aquelas amuradas, que separavam brandões de laranjeiras.

No entanto ele dava por si, completamente enamorado por ela, como só um adolescente romântico, estouvado e inconsequente podia estar.

Obviamente, por muito fala barato que fosse, por muito extrovertido que tentasse ser, não sabia ainda em que mundo vivia, e que a sinceridade absoluta, vinda de um rapaz de catorze anos, não é propriamente fruto da inteligência do mesmo, assim como tudo o que dela advém, não é mais que a resposta normal de uma idade que se revela a mais estranha e obtusa de todas as idades.

Resumindo, não ser correspondido e vê-lo ser de conhecimento alheio era uma coisa chata, assim como todo aquele fatídico ano haveria de o ser.

Apesar disso, aquele ano passou, e por causa dessa sua enfatuação sincera, não correspondida, e muito pateta, como mais tarde se apercebeu ele, e como só a enfatuação de uma criança consegue ser, este tomou a melhor decisão de que alguma vez se lembraria, uma que lhe proporcionaria, talvez, aquilo que lhe faltara em todo aquele período: a sensação de pertença.

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